quarta-feira, 19 de outubro de 2016

Tsumago

Nossa!! Esse post vai mesmo sair??? Que vergonha! Já voltei faz quase 6 meses, já viajei de novo e ainda nada de escrever!

Bom, Tsumago foi como eu risquei da minha lista o item "visitar uma cidade com aquelas casinhas de madeira e portas de papel, como se saídas de um filme de samurais". Não poderia ter escolhido outra melhor.
(na verdade, muitas pessoas visitam Takayama, que deve ser um gracinha, também, e serve muito bem como base para um bate-e-volta para Shirakawa-go, mas, de novo, eu não teria tempo para um desvio tão grande no meu caminho, então, apelei para o japan-guide.com e descobri Tsumago, que fica no estado de Nagano - e no caminho entre Kyoto e Tokyo)

Tsumago fica no Vale de Kiso, por onde passa(va) a Trilha Nakasendo, que milhares de pessoas faziam durante o Período Edo, viajando entre Kyoto e Tokyo (como eu!!). Por conta das incontáveis restrições impostas pelo Shogunato, acabava que as pessoas faziam esta viagem a pé e várias cidadezinhas entrepostos acabaram se formando para alimentar/ hospedar/ servir esses viajantes.
Ainda hoje, pode-se fazer uma parte da Trilha, começando em Tsumago até Magome (ou vice-e-versa), em aproximadamente 8km de subidas morro acima e descidas morro abaixo, bem sinalizados. Para facilitar ainda mais, as cidades tem entre si um serviço de entrega de bagagem, que funciona diariamente, por ¥500 por volume (assim, você não precisa carregar peso!).
HK estava convalescido e decidimos não fazer a trilha, mas vimos um casal de senhores com um bem disposto corgie no começo e no final da trilha... não diria que é algo muito complicado, não... :)

Reservamos o Ryokan Matsushiroya pelo site Japanese Guest Houses (que faz esse serviço de intermediação entre os turistas e os ryokans gratuitamente, mas não são tão pacientes e fofos como a Naomi, do Travel Arrange...) com 6 meses de antecedência (que é o máximo de antecedência, mas não sei se precisava de tanto).
Deveríamos ter chego antes das 17h30 (por causa do jantar), mas acabamos nos embaralhando na estrada (meu primo nos deu carona pelas fantásticas e lisíssimas estradas do Japão) e chegamos perto das 20h. O nosso host quase nos fuzilou com seus olhinhos apertados... mas nos serviu um jantar ótimo mesmo assim. :/
O ryokan tem mais de 200 anos de idade e é gerenciado pela mesma família há NOVE gerações!
Fachada do ryokan
Como imaginado, apesar de simples, era bem mais estruturado que o Minshuku Hisaya. Uma pousada propriamente dita. Havia outro grupo de turistas hospedados (japoneses), mas nem os encontramos, porque as salas de refeições são todas privadas.
O preço foi o mesmo do Hisaya (será que essas coisas são tabeladas??) - ¥11.880 por pessoa, com jantar e café da manhã.
O banho foi menos curioso que na noite anterior - também tinha ofurô e também era compartilhado com outros hóspedes, mas cada um em seu tempo. Graças a Deus, porque já tinha me despedido da minha prima e não queria enfrentar novamente aquele embaraço sozinha! Hahahaha!
Corredorzinho que levava ao nosso quarto
Nosso quarto prontinho (e eu lá no fundo, de yukata e casaco de inverno)
Café da manhã - só a primeira parte!
No dia seguinte, pontualmente às 8h, estávamos na sala privada para o café da manhã (novamente, um banquete).
Depois, saímos para andar pelo vilarejo e comer gohei mochi, uma especialidade da região: bolinhas de arroz moti, cobertas de miso. Gostoso, mas nada de mais.
É um lugar encantador, totalmente bucólico... simplesmente lindo! Vimos muitas cerejeiras em flor (porque a região de Nagano é mais fria que a cidade de Kyoto e Tokyo, e a florada acontece alguns dias mais tarde)!
Voltamos para a pousada, pegamos nossas coisas e esperamos o ônibus para Magome.



Gohei mochi
Magome também é encantadora e minúscula, mas eu sinceramente gostei bem mais de Tsumago (talvez porque aquela estava bem mais cheia, com as hordas de turistas em ônibus de turismo, chegando com o horário avançado).


Mandju de abóbora - muito gostoso!!
De Magome, pegamos outro ônibus para a estação de trem de Nakatsugawa, onde pegamos trem até Nagoya e depois shinkansen (trem bala) rumo ao nosso destino final, Tokyo!!!
Nota muito importante: no shinkansen, o Fuji-san senta imponente do lado esquerdo do trem. Ele é inconfundível e, a menos que esteja dormindo, como o HK, não tem como passar despercebido. Infelizmente, a neblina no cume é superforte e é bem capaz que você não consiga vê-lo inteiro.

Para quem quiser ler/ ver mais sobre o Kiso Valley, recomendo o já mencionado Paul's Travel Pics e o instagram da designer de tecidos Emma von Brömssen (fotos de abril/ maio de 2016).

Fotos: @autoindulgente, @fernanda.i e @heliokwon.