terça-feira, 24 de fevereiro de 2015

Comedoria Gonzalez

Fui ao Comedoria Gonzalez este fim de semana. Lugar pra-lá-de simpático – simples sem ser simplista.

Entramos na fila do caixa, pedimos, sentamos no balcão (estava cheio, mas as pessoas comem e saem, e sempre tem algum lugar vagando) e mal aguardamos 5 minutos para nossos chicharrones (costelinhas de porco cozidas e assadas) com batata doce (assada, com molhinho picante de tomates) (R$15) chegarem. Não tenho uma crítica sequer. Estavam úmidos e descolando do osso ao toque (e olha que os talheres são de plástico!). Super bem temperados, com um toquinho de cominho. Uma delícia! Salivo só de lembrar.

Logo em seguida, o cebiche de peixe do dia com marinada de suco de manga (R$15) chegou. Estava gostoso e fresco, mas preferia meus cubos de peixe menores. Estavam muito grandes e acabava tendo que mastigar muitas vezes antes de engolir.



As duas únicas coisas que me desagradaram (mas o estabelecimento não tem controle sobre isso) foram: 1) a descomunal dificuldade que as pessoas tem para se decidir entre 6 meras marinadas ou entre mate com ou sem limão... Inacreditável ficar 15 minutos na fila e só se decidir na frente do caixa – e ainda depois de certa relutância; e 2) a atitude praça-de-alimentação-de-shopping-na-hora-do-almoço de alguns clientes. Quando acabei de comer, acredite se quiser, havia uma pessoa (que eu nunca vi mais gorda) com o pé e o braço apoiados na minha cadeira, no maior estilo ‘este é meu e ninguém tasca’.



A conta (inteira), com um mate, ficou R$33. Difícil ficar mais fair do que isso na nossa cidade.

Voltarei? Sim! Quero experimentar a sobremesa Tres Leches e as salteñas.
Para ir: e aproveitar para comprar algumas coisas no mercado. Consegui comprar o galeto que precisava para fazer a galinhada. E banha de porco. Isso não se acha mais em qualquer supermercado por aí...
Ah, não vá num dia de Saara. Não tem ar condicionado dentro do mercado.
Tipo: fast food latino.

Se não quiser comer o 3 Leches de sobremesa, aproveite que está nas redondezas para ir à Marília Zylberstajn. Eu simplesmente babo na torta de pêra com creme de cardamomo (R$10). Suave, cheirosa, delicada... cheia de texturas... maravilhosa. É meu novo vício.

Fotos: @autoindulgente

Serviço de utilidade pública: Rua Pedro Cristi, 31-71, box 85, Pinheiros - tel. 3813-8719

quarta-feira, 18 de fevereiro de 2015

Carnavinícola

E aí, leitor amigo, pulou muito Carnaval?
Eu não pulei, mas desci escada, subi escada, fiz trilhazinha e sacolejei mais de 900km Rio Grande do Sul afora neste feriado!

Pegamos nosso vôo GRU-POA1 sábado de manhãzinha. Alugamos um carro2 e pegamos a estrada direto para Canela (cerca de 2h de estrada), onde alugamos uma casa. A casa era bem legal (exatamente como nas fotos) e saiu muito mais barato do que qualquer pousadinha mequetrefe. O Airbnb é ótima alternativa, especialmente quando se está em um grupo grande (éramos oito!).
Em seguida, fomos almoçar no Cantina 28, que tem boas reviews no TripAdvisor. A comida estava ok (gostosa e caseirinha, mas nada de mais), mas o destaque foi o atendimento, uns queridos (aliás, achei os gaúchos muito acolhedores. Fomos muito bem tratados em todos os lugares a que fomos! Não tenho UMA reclamação sequer!!).
Seguimos para o Parque do Caracol, que fica entre Canela e Gramado, bem pertinho. Já estava perto das 15h30 (o parque fecha às 18h, mas você só pode entrar até as 17h). Há algumas opções de caminhada, mas a cachoeira é de facílimo acesso. Basta andar um pouquinho e pronto, já chegou ao mirante. É lindo. Vale demais a visita. 


Também dá para descer uma escada para chegar mais próximo à base da cachoeira. São 700 e poucos degraus, o equivalente a um prédio de 44 andares (mas este número nos pareceu deveras exagerado...). A subida é dureza e quem é sedentário pode sofrer um tanto (especialmente nos dias seguintes, com as dores acumuladas), mas a vista é bem bonita e você já pagou R$ 18 para entrar no Parque... tem que aproveitar o que puder. Hahahaha!

*Se você sair do Parque antes das 16h, vale a pena dar uma olhada no Vale da Ferradura, lá pertinho também. A gente não conseguiu ir porque já estava tarde demais...

À noite, demos uma volta em Canela (a igreja da cidade, ao final da avenida principal, é muito bonita tanto de dia, cheia de flores, quanto à noite, toda iluminada) e jantamos buffet de sopa em um restaurante que encontramos aberto. Sem destaque.


No domingo, saímos às 9h rumo a Bento Gonçalves. A estrada é boa, mas tem bastante radar e muitos trechos de pista única, então, apesar de ser só 117km, a viagem acaba durando um pouco mais de 2h. A rota passa por Nova Petrópolis, uma cidadezinha bem charmosa.
Começamos no Vale dos Vinhedos, com um tour na Casa Valdugauma das maiores vinícolas brasileiras. Custa R$ 25, dura cerca de 1h30 (com 5 degustações – e a taça de cristal,  você leva de lembrança) e vale muito a pena. O receptivo é superorganizado (infelizmente, não há reservas de horário na alta temporada e em feriados) e a guia (Jennifer, no nosso caso) era ótima e claríssima (já visitei outras vinícolas, e a explicação da Valduga foi a melhor de todas a que já fui). Não gosto mesmo dos tintos brasileiros, mas os espumantes da Valduga são muito bons e premiados. O 130 (cujo lançamento marcou os 130 anos da família Valduga no Brasil), por exemplo, foi servido no casamento de um primo do HK e estava ótimo.

Quando acabou o tour, a ideia era almoçar no restaurante Valle Rústico, super bem falado no Destemperados, mas, como estávamos atrasados, acabamos comendo um lanche (bem) rápido no Jardim Leopoldina. Não foi de todo ruim. O lugar é supercharmoso, com comidinhas e lanches super bem feitos (o gelato de moscatel vale a pena!). Recomendo a quem estiver por lá.
A segunda (e última) vinícola visitada foi na Rota das Cantinas Históricas, a Estrelas do Brasiluma microbutique com produção de apenas 25 mil garrafas por ano, que só vende as garrafas pessoalmente ou pelo site. A idéia é permanecer com a produção pequena. Os donos, um brasileiro e um uruguaio, vivem de outros trabalhos e mantém a vinícola por paixão e curiosidade – todos os espumantes tem alguma inovação, como uso de leveduras em cápsula, rosé feito com pinot-noir e tinto espumante! Experimentamos 4, entre degustação e compras, e estavam todos ótimos! Muito bons mesmo!3
Tudo o que a primeira visita foi estruturada e organizada, a segunda foi informal. Hahahaha! A Estrelas não está no Waze e fica numa estradinha de terra acessível por uma saída mal sinalizada (uma plaquinha micro, no formato de uma garrafa de espumante). Chegamos, e o Irineo (sim, o próprio dono é quem te atende) te fala mais ou menos por onde caminhar. “Vai lá dar uma volta, fica à vontade; na volta, a gente faz a degustação”. Assim, tipo gente de casa. O lugar fica no alto de um morro, e a paisagem é linda! Uma casa de pedras, feita como na época do avô do Irineo, no meio dos parreirais, dá charme extra à propriedade. A degustação é praticamente um open bar. Ele pergunta quais queremos provar, abre uma garrafa e serve e repete uma vez e repete outra, até acabar a garrafa. E não há taxa de visitação – somente se paga a bebida que você quiser levar. Ele está certo! Conhece o produto que tem e sabe que ninguém consegue ir e sair sem garrafa nenhuma.




Foi um acerto casar visitas a uma vinícola grande com uma pequena. Dois produtores do mesmo produto e duas visitascompletamente diferentes.

Saindo de lá, passamos no Armazém da Rota das Cantinas Históricas (uma vendinha bem simples com produtos da região) e compramos embutidos e queijos locais. O salame colonial foi o preferido de 6 das 8 pessoas do grupo. Eu preferi a copa lombo e o salame milanês. Quem gostar de sabores bem fortes certamente aprovará o salame de javali.
No caminho para casa, a leste de Bento Gonçalves, passamos por uma parte da Caminhos de Pedra, uma rota bem legal para quem tiver mais tempo em Bento. A maioria dos estabelecimentos já estava fechada, infelizmente, incl. a Cantina Strapazzon, cenário do filme O Quatrilho, e a Casa da Ovelha (que vende um iogurte de leite de ovelha daquió), mas algumas lojas ainda estavam abertas, como a Salumeria (onde compramos outros salames) e a Vitiaceri (onde compramos uma cuca#decomerdejoelho e um suco de uva Niágara #detomardejoelho). Quem for mais cedo, a Vitiaceri vende deliciosas cestas de piquenique e empresta edredons para se sentar embaixo da árvore e tomar seu lanchinho da tarde sossegado!




Chegamos em casa bem tarde este dia... depois das 22h. Comemos salame&queijo com vinho.

Na segunda de Carnaval, a idéia era tomar café da manhã caprichado num café colonial – totalmente descartada depois de vermos que o preço do Bela Vista (e de outros cafés da cidade) passava de R$ 50 por pessoa. Escola do Pão nunca mais. Depois de algumas pesquisas, o Mario descobriu que o Hotel Casa da Montanha servia café da manhã para não-hóspedes por TRINTA E CINCO reais. Justíssimo.
RECOMENDO FORTEMENTE! Muitas opções de tudo – frutas, iogurtes especiais, pães, bolos, geléias, frios e embutidos e um croissant doce de suspirar! (mas passe longe da rabanada, que desagradou geral, e dos sucos, de caixinha...). Ainda por cima, o hotel é superfofo, bem típico, e o atendimento é uma gentileza só.

Rumamos a Cambará do Sul, onde fica o Parque Nacional Aparados da Serra. São cerca de 1h30-2h de estrada em boas condições, com uma paisagem muito bonita e bem diferente da do dia anterior – muitas pradarias e araucárias. Lindo. Chegando a Cambará, ainda tem mais 23km (que se transformam em 45’-1h, porque uma parte é em estrada de terra um tanto precária) até o Cânion Fortaleza4. Daí, tem uma caminhadinha leve e rápida até a borda do Cânion5. É tudo em grama e lama #nofirulas. Chegando lá, a neblina pesada tampava qualquer visão... uma tristeza. Sentamos e esperamos um pouco. Depois de alguns minutos, a neblina abriu um pouco e conseguimos espreitar a imensidão embaixo de nós... De cair o queixo. Lindo o lugar.


As fotos não fazem jus, infelizmente...

À noite, já de volta, jantamos no El Fuego, em Gramado. Comi um penne ao molho de queijo bom. O pessoal pediu carne e disse que estava ótima. Eu ainda estava satisfeita do café da manhã!!! :O

Na terça, entregamos a casa e ficamos andando em Gramado antes de voltar para Porto Alegre. A cidade é bem charmosinha, gostei bem mais do que Campos do Jordão.
Almoçamos no Otto Höppner, o restaurante do Hotel Ritta Höppner, pertinho do Minimundo. O hotel tem um “menu executivo” bem interessante – entrada (salada) + prato alemão + apfelstrudel com nata ou sorvete = R$ 72. O atendimento, como em todos os outros lugares da viagem, foi primoroso. A comida estava boa. Ok. Nada de mais.

E lá se foi outro Carnaval...
De forma geral, a viagem não foi um sucesso gastronomicamente falando, mas as paisagens compensaram – é uma região bem estruturada para o turismo, com muitas atrações para todos os gostos, e muito bonita. E olha que as hortênsias já estavam murchas... Além disso, as pessoas foram todas muito amáveis. Recomendo fortemente!

1O voo foi Gol. Apesar de sair um tiquinho atrasado, o piloto tirou a diferença no voo e pousamos até antes do horário estimado. A volta saiu e pousou pontualmente. Só a água é grátis. Todo o resto era cobrado. R$ 5 por uma batatinha Ruffles (...).Deixamos o carro no estacionamento do aeroporto. R$ 130 por 4 diárias. Vale a pena, considerando o preço do táxi (ainda mais que estávamos em 5 pessoas), mas chegue um tanto mais cedo se for sair do Terminal 1 porque a caminhada + ônibus levam um certo tempo...

2Alugamos um Up! na Unidas. Superbom o carrinho! Viramos fãs. O outro carro era um Fox. Beberrão que só. E lerdo. Um horror. A Unidas foi um pouco burocrática na entrega, mas quase tranqüila na devolução. Atendimento educado. Cobraram a lavagem do carro, mas... depois do Cânion Fortaleza, eu também cobraria.

3Os espumantes, entre R$ 30 e 80, são ÓTIMA dica para as noivinhas-leitoras de plantão. Se meu casamento fosse este ano, pediria com ele, sem sombra de dúvida.

4O PêEsse deu um relato bem legal sobre a passagem dele pelas Serras Gaúchas e me ajudou a escolher o Cânion Fortaleza porque disse que este dá de dez no Itaimbezinho. Recomendo a leitura.

5Não fomos às outras trilhas (Pedra do Segredo, Mirante etc.) porque estava um tempinho do cão e imaginamos que a visibilidade não estaria tão melhor do que a da borda do Cânion. No primeiro quarto do caminho para o Mirante, um riozinho havia se formado BEM NO MEIO da trilha, obrigando os turistas a se molharem até o joelho se quisessem continuar. Optamos por não.

Fotos: Fernanda I.